Familiares das vítimas da tragédia da Mineradora Vale do Rio Doce cobram julgamento
   1 de maio de 2022   │     14:04  │  0

Acusação feita contra a Vale pela SEC, dos Estados Unidos, nessa semana, reforça argumentos para que ação criminal envolvendo cúpula da empresa seja julgada em Brumadinho. Decisão será do STF

Depois do “xerife do mercado” dos Estados Unidos acusar a Vale de enganar investidores, familiares das 272 vítimas de Brumadinho fizeram em ato em frente ao fórum de Brumadinho, pedindo ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, que impeça a manobra jurídica de Fabio Schvartsman, ex-presidente da empresa, que havia conseguido levar o processo para Justiça Federal. O artifício tem o objetivo de protelar a ação no Judiciário.

 

O ato aconteceu nesta sexta, dia 29 de abril, às vésperas do Dia do Trabalhador, em frente ao Fórum de Brumadinho, região que teve meio ambiente e vidas destruídas após o rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro de 2019, e um dia depois de as famílias lançarem o projeto Legado de Brumadinho, para preservar a memória das vítimas e lutar para que novas tragédias como essa nunca mais aconteçam.

 

Entenda o caso

Ontem, a SEC (Securities and Exchange Comission), entidade que fiscaliza o mercado de ações e é considerada o “xerife do mercado” dos Estados Unidos, protocolou na Justiça de Nova York acusação contra a Vale. O órgão apurou que a empresa enganou investidores sobre a segurança de suas barragens nos anos que antecederam a tragédia de Brumadinho (MG), em 2019. As investigações foram encaminhadas à Justiça norte-americana. A AVABRUM acompanha as iniciativas das autoridades nos Estados Unidos e espera que o “xerife” brasileiro, a CVM-Comissão de Valores Mobiliários, também examine a questão.

 

A AVABRUM, associação dos familiares de vítimas de Brumadinho, denuncia a maquiagem de informações e a negligência da empresa desde a tragédia. Relatório de investigação da Polícia Federal e os laudos internos atestaram que a cúpula da empresa sabia dos riscos e atuou de forma omissa e irresponsável, como apontam a Polícia Federal e o Ministério Público nas investigações sobre o caso.

 

Hoje, ao meio-dia, as famílias se reúnem em frente ao Fórum de Brumadinho em ato simbólico para pressionar o ministro Edson Fachin a mandar o processo que julga o caso de volta ao Fórum de Brumadinho.

 

O ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, conseguiu no ano passado que o caso fosse enviado à Justiça Federal. O Ministério Público de Minas Gerais recorreu e o caso foi parar no STF. As famílias apelam a Fachin, relator do processo, e dizem que a manobra tem um único fim: adiar o julgamento dos réus.

 

As famílias pedem audiência virtual com o ministro Fachin para ter oportunidade de explicar o tremendo sofrimento pelo qual passaram as vítimas e que passam os familiares ainda hoje. “Foram encontrados 15 segmentos de uma única pessoa, tamanha a violência da lama contaminada que matou trabalhadores, turistas e destruiu a natureza. A vida precisa ter valor no Brasil. Não podemos matar nossos familiares novamente”, diz Alexandra Andrade, da AVABRUM.

FONTE: AVAMBRUM

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