O que finalmente será erguido no lugar onde foi um dia o Clube Alagoinhas, na Praia de Ponta Verde? Quem sabe os próprios moradores do bairro pudessem opinar sobre o assunto. Entretanto parece que não há mais o fazer, já que os recursos disponibilizados pelo governo federal serão destinados para construção de um monumento, que servirá também de área de convivência e centro de atração turística.
Muitas informações e boatos foram veiculados na imprensa e se espalharam pela cidade, transformando-se em pauta das conversas, entre os freqüentadores de uma das praias mais belas do Nordeste – embora poluída – Ponta Verde. As tribos e confrarias que curtem a nossa “Copacabana” debateram nos últimos dias o assunto. Principalmente depois que nosso blog postou uma matéria sobre a construção de uma possível “concha”, onde era antigamente o saudoso clube alagoinhas. Informação que foi negada pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Turismo, que passou a bola para Secretaria Estadual de Infra estrutura (Seinfra).
Segundo a assessoria de imprensa da Seinfra, existe o projeto de construção de um espaço de convivência. A obra será dividida em duas etapas, sendo a primeira a realização de uma estrutura horizontal, onde haverá um espaço multieventos com quiosques, biblioteca, mirante, lanchonetes e até um aquário. O valor da primeira etapa é de R$ 11 milhões e o total, com a segunda etapa, é de R$ 18 milhões. O projeto já foi licitado e está em processo de análise do Ministério da Integração Nacional.
Diante dessa informação fica a indagação porque então se demoliu uma obra sob a alegação de ilegalidade e proteção ao meio ambiente, mas agora se pretende erguer outra? O Alagoinhas podia até ser um “monstrengo”, mas já estava pronto e vinha servindo de atração turística.
Os danos ao meio ambiente foram recuperados ao longo dos últimos 50 anos, pela própria natureza que se encarregou de aproveitar a estrutura de concreto, estranha ao ambiente marinho, para fazer crescer corais e microorganismo, que ajuda no desenvolvimento do ecossistema. Vale lembrar também que crime maior cometido, contra a Praia de Ponta Verde, é a línguas sujas de esgoto, que correm a céu aberto. Pelo menos o saudoso Alagoinhas servia de espaço para badaladas festas e era o local mais disputado em noite de lua cheia.
Uma história de glamour
O Clube Alagoinhas teve sua construção iniciada em 1960, quando ainda existia o famoso “gogó-da-ema”, que ficava bem em frente, onde hoje é uma praça que tem um monumento em homenagem ao coqueiro mais famoso do Brasil. Na época o local era um enorme coqueiral, onde os Vasconcelos eram praticamente os únicos a aproveitar esse paraíso.
Foi lá que o empresário Mauro Vasconcelos, quando ainda criança aprendeu a pisar em bosta das vacas, atendendo a um conselho de seu avô, que dizia que quem pisava em esterco de vaca ficava rico. A partir daí o pequeno Mauro saia todos os dias saia pela praia pisando nas melecas das vacas. E deu certo para Mauro, que hoje é dono de uma das mais conceituadas redes de hotéis em Alagoas e do disputadíssimo hotel Ponta Verde, onde se tomar o melhor café da manhã de Maceió.
Mas vamos voltar ao nosso saudoso Clube Alagoas, que na verdade era denominado Iate Clube Alagoinhas, que teve o seu projeto arquitetônico vencedor de um concurso de arquitetura, por representar a proposta que melhor representava na época, o Movimento Moderno alagoano. O projeto foi de autoria da arquiteta Maia Nobre em pareceria com Edy Marreta. Tudo devidamente registrado no livro Movimento Moderno: a atitude alagoana de autoria de Maria Angélica Silva.
A partir daí o Alagoinhas cresceu e se transformou em um desafio de várias pessoas, que se associaram para levar a cabo a construção daquele monstrengo, que foi erguido sem levar em conta dos danos causados ao meio ambiente.
Erguido em área da União, pertencente ao povo brasileiro, o Alagoinhas se transformou em um clube privado da elite alagoana. O interessante é que apenas os oficiais da Marinha do Brasil tinham livre acesso ao Clube. Eles eram considerados sócios fundadores. Bastava apresentar a carteira de oficial da Marinha e se tinha acesso ao Clube.
Mas tudo veio abaixo em 2006, quando uma ordem judicial determinou a demolição de toda construção e em 2103 foi dado o tiro de misericórdia com a demolição do teto. De lá para cá, o local ficou abandonado e muitos projetos rondavam ele como, por exemplo, a criação de um oceanário, em parceria com a Petrobrás. Esse projeto foi defendido por várias pessoas que viam ali a possibilidade de um grande atrativo turístico, como existe em Lisboa.
Entretanto o projeto do oceanário não vingou e agora ficou praticamente impossível com a crise que se abateu sobre a Petrobras. Resta apenas a proposta do governo federal para construção dessa área de convivência.
Ninguem !!!!