EXCLUSIVO! Entrevista com presidente da nova Agência Brasileira de Promoção do Turismo
   1 de junho de 2020   │     16:45  │  0

Hoje nosso blog traz uma entrevista EXCLUSIVA com o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional de Turismo (Embratur), Gilson Machado Neto. A entrevista é inédita, já que é a primeira vez que o presidente da Agência fala oficialmente a um veículo de comunicação. Em primeira mão Gilson Neto falou sobre a reclassificação do aeroporto Zumbi dos Palmares em Alagoas;  ações de inteligência competitiva, monitoramento, pesquisa, marketing estratégico, relacionamento com a imprensa e com representantes do trade internacional e buscaremos monetizar a nossa operação; o selo “Turista Protegido”, que certificará estabelecimentos que cumprem as medidas sanitárias lançado pelo Ministério do Turismo; incentivo neste primeiro momento ao turismo doméstico; barateamento das passagens aéreas e fomento ao turismo internacional, tendo como público principais os Estados Unidos e Europa.

*1- A nova Agência Brasileira de Promoção Internacional de Turismo (Embratur) tem um grande desafio, que é a conquista do mercado internacional, diante do cenário da pandemia de covid-19, principalmente porque o Brasil hoje está em segundo lugar no mundo em número de casos. Qual a estratégia a ser realizada?*

A estratégia neste momento é preparar a Embratur para que possa estar plenamente operante assim que o mundo do turismo voltar a sua normalidade internacionalmente. Enquanto isso não ocorre, a Embratur segue apoiando o trabalho realizado pelo Ministério do Turismo de divulgação dos nossos destinos domésticos, cumprindo o que foi determinado pelo Congresso Nacional ao aprovar a Embratur como Agência.

Segundo o texto, que foi sancionado dia 26 de maio pelo Presidente da República Jair Bolsonaro, sob a forma da lei nº 14.002 de 2020, quando há Estado de Calamidade e até seis meses após o término desta situação a Embratur deve empregar seus esforços e recursos na divulgação do turismo doméstico. Também estaremos auxiliando o Ministério das Relações Exteriores no processo de repatriação de brasileiros que enfrentam dificuldades de retorno ao Brasil por conta de aeroportos e hotéis fechados em virtude da pandemia do Coronavírus.

*2- A mudança trouxe oxigenação financeira para Agência? Você já tem um projeto para emprego desses recursos?*

Transformada em Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, a Embratur deixa de onerar os cofres públicos, e os R$ 80 milhões que estavam previstos no orçamento da autarquia permanecerão nos cofres da União. A nova Agência atuará de forma mais flexível e autônoma, podendo desenvolver ações e parcerias para melhor divulgar e promover o Brasil junto aos mercados turísticos internacionais. Com mais flexibilidade, faremos ações de inteligência competitiva, monitoramento, pesquisa, marketing estratégico, relacionamento com a imprensa e com representantes do trade internacional e buscaremos monetizar a nossa operação.

*3- Brasil tem uma forte ligação com os Estados Unidos e você vinha realizando um grande trabalho de conquista do mercado norte americano, mas o presidente Trump proibiu a entrada de brasileiros naquele país. Como remediar essa situação? Tem um prazo?*

Estamos vivendo uma pandemia bíblica e o presidente Donald Trump sabe disso. Ele é um grande parceiro do Brasil e já elogiou a condução do nosso presidente Bolsonaro no combate ao Coronavírus, também. Todos os líderes mundiais trabalham para conter a disseminação do vírus e Trump sabe que o presidente Bolsonaro faz o mesmo.

Assim como os Estados Unidos, também temos restrições neste momento à entrada de estrangeiros. Como um país capitalista que busca gerar emprego e renda, o fechamento da fronteira americana para brasileiros não é interessante para a economia americana, basta levarmos em consideração que o Brasil está em terceiro lugar no ranking de turistas internacionais recebidos na Flórida, com 1,2 milhão de brasileiros tendo passado por lá em 2019. Nós mandamos mais turistas para os Estados Unidos do que eles mandam ao Brasil e esse fechamento é mais prejudicial aos Estados Unidos quando colocamos na balança, pois o brasileiro que planejava ir visitar os Estados Unidos ficará no Brasil para fazer turismo doméstico.

*4- Outro país que mantem um grande fluxo de turistas e é o hub para o Brasil é Portugal, que seguindo orientação da Comunidade Europeia, mantém as fronteiras fechadas. A Agência tem alguma estratégia também para abrir o mercado europeu para o Brasil? Vale lembrar que existe o Tratado de Schengen, que libera Portugal para manter voos regulares com países de língua estrangeira e forte ligação cultural e religiosa, no caso o Brasil. A Agência pode trabalhar a vinda de turistas portugueses através desse tratado?*
Neste momento de pandemia a Embratur trabalha para promover o turismo doméstico e mesmo após o final da pandemia este será o trabalho da Agência, como determinado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Bolsonaro. Esperamos que a situação do turismo seja normalizada o quanto antes, mas vemos que não há uma determinação certeira sobre quando poderemos receber turistas internacionais sem corrermos riscos de aumento de casos de Coronavírus. O Ministério do Turismo já lançou o selo “Turista Protegido”, que certificará estabelecimentos que cumprem as medidas sanitárias importantes para que o vírus não se espalhe, algo semelhante ao que está sendo feito também em Portugal. A Anvisa também determinou medidas a serem cumpridas pelas Companhias Aéreas. Apoiaremos as medidas determinadas pelo governo federal, que dispõe de quadros excelentes e saberá quando será o momento de recebermos voos e quais serão os primeiros países a enviar turistas ao Brasil.

*5- Diante desse cenário difícil para atrair o turista internacional, o turismo doméstico e mesmo o regional seria o primeiro passo a ser dado? E como a Agência pode ajudar para fomentar o turismo dentro do país?*

Vamos incrementar ainda mais o turismo interno e o turismo de curta distância, sempre alinhados ao Ministério do Turismo. Nosso governo está focando suas atenções no turismo de natureza e de ambientes abertos, já que temos seis biomas, mais de 800 ilhas e não temos furacão ou maremoto. Assim que for possível as pessoas vão procurar viajar para onde haja higiene, limpeza. O Brasil é um país lindo de se conhecer e vamos apostar nessa regionalização do turismo.

*6- A TAP estava transformando vários destinos nordestinos na rota internacional de turismo na Europa. Uma dessas novas rotas é Maceió, mas que teve o lançamento do voo internacional transferido para 2 de outubro. Contudo o aeroporto Zumbi dos Palmares aguarda há seis anos a reclassificação para categoria Delta, o facilitaria o estabelecimento de voos regulares internacionais. O processo se encontra na SAC, há seis meses aguardando definição, com todos as exigências técnicas e burocrática preenchidas. Como a Agência pode ajudar para uma definição?*

Nós já estamos ajudando. Com a nova missão dada pelo presidente Bolsonaro e pelo Congresso Nacional à Embratur como agência, passamos a ter um papel de apoiadora de tudo que tenha a ver com turismo e com o aumento do nosso fluxo de turistas, também por conta da transversalidade de ministérios.

O Ministério da Infraestrutura e a Agência Nacional de Aviação Civil são grandes parceiros de dia-a-dia e estão junto conosco participando de reuniões importantes com o setor aéreo e com o trade. Já conseguimos fazer obras importantes em reabertura de aeroportos, ampliação de aeroportos e essa luta pelo aeroporto Zumbi dos Palmares é uma luta que já participamos, para que se torne realidade o mais rápido possível.

Temos um grupo de trabalho que já realizou cinco encontros e que faz um levantamento das necessidades para a melhoria da malha aérea brasileira, com a solução de todos os gargalos e participação da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), com a International Air Transport Association (IATA) e com o trade todo. Isso está bem evoluído e gerou sugestões de mudanças de lei, de medidas provisórias, que foram apresentadas ao Ministério da Infraestrutura, Ministério do Turismo e demais órgãos de governo.

Muita coisa a mais deveria estar acontecendo em 2020, pois fizemos muito em 2019, também com a intenção também de redução de passagens aéreas e descobrirmos como melhorar os aeroportos secundários, os aeroportos regionais, pois são decisivos para que as passagens possam baixar também. Isso tudo seria resolvido esse ano, mas não está esquecido e será trabalhado assim que tudo voltar ao normal. O turismo vinha crescendo praticamente duas vezes mais do que o resto da economia e esperamos que logo possamos arremeter novamente.

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