Turistas morrem misteriosamente na Republica Dominicana
   25 de junho de 2019   │     13:10  │  0

O ditado “o barato pode sair caro” pode caber bem nos pacotes que estão sendo vendidos para Republica Dominicana, ilha localizada no mar do Caribe. O saldo de 19 turistas que morreram misteriosamente, todo norte-americanos, gerou uma investigação do FBI,

Atraídos pelos baixíssimos preços cobrados pelos luxuosos resorts, com regime de tudo incluído, e pelas praias paradisíacas com areia branca e mar cálido, a República Dominicana tornou-se há muito num dos principais destinos turísticos das Caraíbas. Mas aquele que é considerado um destino de sonho para muitos turistas tem-se transformado nos últimos meses num autêntico pesadelo para alguns turistas norte-americanos.

O assunto virou manchete em vários veículos internacionais e gerou um alerta para quem deseja viajar para a República Dominicana.

Os 19 cidadãos dos EUA estavam alojados em hotéis de luxo na República Dominicana sendo oito este ano e 11 em 2018. O país recebe cerca de dois milhões de turistas norte-americanos por ano e o receio face às ameaças deste destino poderão afundar o sector.

Apesar de não haver certezas quanto à causa das mortes, nem mesmo se há uma correlação entre elas, certo é que estes episódios fizeram disparar os alarmes nos Estados Unidos. O FBI já enviou uma equipa para o país com vista a investigar os casos e averiguar se existe uma relação direta entre eles.

A primeira suspeita caiu sobre a água e do gelo servido e até dos petiscos servidos no sistema all inclusive. Entretanto as investigações agora recai sobre a possibilidade de bebidas falsificadas poderem servidas também no sistema all inclusive aos turistas em resorts localizados em vários pontos do país. Sobre a veracidade desta hipótese, só os exames toxicológicos a poderão comprovar. Por enquanto, persistem muitas dúvidas até a investigação estar concluída.

As vítimas têm idades compreendidas entre os 41 e os 67 anos e estavam hospedas em vários hotéis de luxo localizados em diferentes regiões da República Dominicana. As circunstâncias das mortes também não são comuns.

Vittorio Caruso, um cidadão nova iorquino, de 56 anos, é a vítimas mais recente da onda de mortes repentinas no país, confirmaram esta segunda-feira as autoridades norte-americanas. Entre as mortes está a do conhecido empresário norte-americano antigo sócio de uma pizzaria na cidade de Glen Cove, em Long Island, que morreu na última quarta-feira após ter tomado uma bebida num resort em Santo Domingo.

Vittorio Caruso começou-se a queixar-se com dificuldades respiratórias assim que ingeriu a bebida, acabando por morrer já no hospital, na sequência de um ataque cardíaco. Este indivíduo não teria problemas de saúde, de acordo com o seu médico, e estava aposentados  e recentemente tendo decidido passar uma temporada na República Dominicana, um dos seus destinos de eleição. O resultado da autópsia só deverá ser conhecido daqui a uma semana.

Logo em seguida, precisamente seis dias antes morrera Joseph Allen, outro turista norte-americano, de 55 anos, após ter-se sentido indisposto quando se encontrava na piscina com um grupo de amigos no resort Terra Linda, em Sosúa, que se retirou para o apartamento onde foi encontrado morto no outro dia caído no chão

Governo dominicano esconder laudos.

Em 2018 no dia 10 de junho foi Leyla Cox, de 53 anos, também faleceu num quarto do hotel Excellence Resorts, em Punta Cana, aparentemente devido a um ataque cardíaco. Em declarações *a CBS, o filho Will Cox disse duvidar da validade da autópsia realizada no país, sublinhando acreditar que a mãe ainda hoje estaria viva se estivesse em qualquer outro país com exceção da República Dominicana.

Um casal morreu morte foi registrada quando faziam o chekout do hotel. Nathaniel Holmes, de 63 anos, e Cynthia Day, de 49 anos, também morreram enquanto aguardavam que o staffdo hotel Grand Bahia Principe, em La Romana, fizessem o checkout. Depois de falhar o horário de saída, este casal do estado norte-americano de Maryland teve que esperar muito tempo até os funcionários da recepção lhes efetuarem o checkout. Quando chegaram ao local, os dois turistas já estavam mortos com hemorragias internas, nomeadamente no pâncreas.

Os relatórios forenses realizados no país indicaram ainda que as duas vítimas tinham líquido nos pulmões e no cérebro, assim como cirroses nos fígados. Mas as autoridades norte-americanas aguardam mais resultados de testes toxicológicos.

Incrivelmente cinco dias antes, morreu Miranda Schaup-Werner, de 41 anos, que estava a comemorar o aniversário de casamento com o marido no mesmo hotel em que esteve alojado o casal de Maryland. Esta turista norte-americana, natural da Pensilvânia, caiu abruptamente inanimada no chão após ter tomado uma bebida do minibar. O resultado preliminar da autópsia refere como causas da morte um ataque cardíaco, edema pulmonar e falha do sistema respiratório.

O norte-americano John Corcoran, de 60 anos, foi por sua vez encontrado morto no seu quarto noutro hotel da República Dominicana, cujo nome não foi avançado pela imprensa. Supostamente, este cidadão – que viajava com regularidade para o país – tinha problemas cardíacos, mas os resultados da autópsia revelaram-se igualmente inconclusivos.

Bebidas adulteradas

Uísque falsificado pode ter sido a causa da morte também em meados de abril, Robert Wallace, de 67 anos, morreu após ter bebido um uísque escocês que se encontrava no minibar do Hard Rock Hotel & Casino, em Punta Cana.

Em julho de 2018, David Harrison, de 45 anos, também faleceu quando se encontrava hospedado no mesmo hotel Hard Rock & Casino, em Punta Cana. De acordo com a mulher, o marido sofreu um ataque cardíaco um dia depois de ter feito snorkeling, mas terá tomado também uma bebida do minibar do quarto do hotel.

Yvette Monique Sport, de 51 anos, estava a passar férias no hotel Bahia Príncipe, em Punta Cana, com o seu noivo em junho de 2018, tendo-se sentido indisposta também após ter ingerido uma bebida que se encontrava no minibar do quarto do hotel. Durante a noite, o noivo diz ter ouvido um ruído estranho, mas na altura estava com sono e desvalorizou. Quando acordou, na manhã seguinte, deparou-se com a noiva sem vida ao seu lado na cama.

As autoridades dominicanas garantem estar a cooperar com as norte-americanas na investigação destes casos, que contam ainda com a colaboração dos familiares das vítimas, ainda que insistam que se trata de situações pontuais. O Ministro do Turismo dominicano, Francisco García, afirmou que estes episódios são um “fenómeno estatístico normal” ainda que constituam exceções. “Queremos que prevaleça a verdade. Mas posso dizer que não temos nada a esconder aqui. A causa mais provável é sempre a morte natural “, declarou o governante na passada sexta-feira.

A presidente da Associação Hoteleira da República Dominicana, Paola Rainieri, assegurou, por seu turno, que o país continua a ser um destino seguro para os turistas. Mas embora a administração norte-americana não tenha emitido qualquer aviso para os cidadãos norte-americanos evitarem a República Dominicana, os receios são evidentes entre os turistas nacionais.

Esta situação está também a preocupar as autoridades dominicanas, uma vez que poderá contribuir para a quebra do sector do turismo, que envolve mais de 332 mil empregos diretos e 650 mil indiretos, representando cerca de 8% do PIB do país. Só em 2017, a República Dominicana recebeu 2,7 milhões de turistas norte-americanos, um dos seus principais mercados.

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