Mineradora coloca em risco agricultura no Agreste e desvaloriza propriedades rurais
   12 de abril de 2021   │     6:53  │  0

 

As propriedades rurais localizadas próximas da barragem de rejeitos da Mineradora Vale Verde, em Craíbas, Agreste de Alagoas e a 135 quilômetros de Maceió, estão perdendo o valor venal devido ( ao medo que a expansão do lago de lama chamado de rejeito venha atingir)áreas agricultáveis.

A preocupação dos agricultores motivou a realização de uma reunião semana passada na Câmara de Vereadores entre diretores da empresa, os vereadores e o prefeito TeófiloPereira, onde muitas perguntas foram realizadas aos representantes da  MVV e poucas respostas foram dadas.

Diante de tantas dúvidas sobre o futuro, não só da qualidade de vida, do meio ambiente, mas principalmente da agricultura na região, que tantos empregos gera; buscamos ouvir um dos maiores especialistas em solo de Alagoas, que é o professor doutor Raimundo Nonato, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que mapeou todas manchas de solo do Projeto do Canal do Sertão e coordenou o Zoneamento Ecológico e Econômico de Alagoas.

O professor de imediato foi taxativo em afirmar que as terras realmente perderão valor, porque tem sido um fato em todas regiões, onde Mineradoras se instalam. Raimundo Nonato disse que a região onde está sendo construída a barragem de rejeito, possui um cristalino (rocha), que não permite a infiltração dessa “lama mineral”, que tende a se expandir em suas margens, crescendo com o passar dos anos (de acumulação deste rejeito e  que num acidente pode inundar as terras a  jusante.

Segundo ainda o professor Nonato, esse material, quando em contato com o solo agrícola produtivo, causa sua esterilidade e que somente depois de 30 a 50 anos de muito trabalho de recuperação, poderá voltar a produzir e assim mesmo com monitoramento. “Portanto, onde essa lama chegar às terras se tornaram improdutivas”, alerta ele.

Poluição química e aérea

Outra situação levantada pelo especialista em solo é quanto ao processo de extração do cobre, que pode causar danos ainda maiores não só a agricultura, com também a vida animal e humana além da poluição aérea, através da emissão de gases tóxicos na atmosfera.

Segundo Nonato é preciso que todo processo seja seguro e dentro das normas ambientais exigidas.  Procuramos ouvir os diretores da MVV sobre que tipo de processo químico será utilizado na extração do cobre, mas a empresa evitou dizer que elemento químico será empregado, se resumindo a informar através denota que “os produtos químicos utilizados na extração do cobre não tornam o rejeito nocivo. Testes de caracterização foram realizados por laboratórios internacionalmente conhecidos, e o rejeito está classificado comoClasse II-B (Inerte e Não-Perigoso, conforme CONAMA). A Mineração ValeVerde do Brasil Ltda esclarece que encontra-se na fase final de implantação doProjeto Serrote, com previsão para o início de suas operações no segundo semestre de 2021.

Diante disso, até a presente data não houve lançamento de rejeitos na barragem, porém de acordo com as informações apresentadas no Relatório Técnico de Classificação de Resíduos Sólidos N°SG-0082-CR/08, realizado pelo Laboratório SGS GEOSOL, que avaliou parâmetros deCorrosividade, Reatividade e Toxicidade, foi constatado a partir das amostras de sondagem, que os resíduos da MVV  são classificados como Classe II B(Não Perigoso – Inerte), por não terem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.Por fim, não apresentam características corrosivas e reativas”.

A empresa responde, mas não diz que tipo de produto químico será utilizado, o que deixa uma grande lacuna para avaliação dos danos que poderá causar ao solo, a atividade agrícola e principalmente a vida animal e humana.

Brutalidade

Os danos ambientais que serão causados na região já são grandes e a relação custo/benefício não justificaria tamanha agressão ao meio ambiente e a atividade de produção de alimentos, que sofrerá bastante, podendo vir gerar problemas sociais graves.

Segundo a própria MVV, para se obter 1.500 metros cúbicos de cobre é preciso arrancar da terra 100 mil metros cúbicos de material, ou seja1,5% de cobre. Uma brutalidade contra o planeta é cometida para ser retirar uma

pequena quantidade de minério, através de uma atividade extremamente agressiva, que não retribui proporcionalmente, já que não tantos postos de trabalho e ainda causará danos a uma das atividades mais importantes da região e gera emprego e renda, que é agricultura familiar.
Ameaça ao Canal do Sertão Para o professor Raimundo Nonato, que também foi gerente de operações do Canal do Sertão,  a atividade da MVV é extremamente agressiva e de pouco retorno para o desenvolvimento sócio econômico no Agreste e com certeza deverá prejudicar um outro grande projeto de produção alimentos e geração de emprego e renda que é o Canal do Sertão, quando chegar ao Agreste.

Segundo ele, é na região da grande Arapiraca que oCanal do Sertão viabiliza vários projetos de produção de alimentos em larga escala. Graças ao solo rico que existe e com uma diferencial que é da agricultura familiar, onde a riqueza é bem distribuída porque não existem latifúndios.

O sonho da chegada do Canal do Sertão à Grande Arapiraca, está sob a ameaça da atividade de mineração, que não gera empregos e só concentra riqueza nas mãos de alguns grupos.  Raimundo Nonato disse ainda que é preciso que haja um debate mais aprofundado da atividade de mineração no Agreste de Alagoas e fez um alerta para o perigo que existe na extração cobre, principalmente para toda cadeia do ecossistema e atingindo os microrganismos vivos.  Um assunto que ele só irá abordar em outra reportagem.

“O covid-19 é consequência de atividade de agressão ambiental, onde microrganismos interagem numa região da China. O mesmo pode ocorrer na exploração do cobre no Agreste, pois o cobre é um minério perigosíssimo para os microrganismos, que regem a vida no Planeta”, alerta ele.

Solicitamos a Mineradora Vale Verde esclarecimentos para as indagações abaixo enumeradas : 

1 – Que tipo de processo de coleta do mineral cobre será utilizado? Algum produto químico será aplicado como o mercúrio como no caso do ouro?  Os produtos químicos utilizados na concentração do cobre não tornam o rejeito nocivo.

MVV – Testes de caracterização foram realizados por laboratórios internacionalmente conhecidos, e o rejeito está classificado como Classe II-B (Inerte e Não-Perigoso, conforme CONAMA) Segue a posição oficial da empresa à sua pergunta:

A Mineração Vale Verde do Brasil Ltda esclarece que encontra-se na fase final de implantação do Projeto Serrote, com previsão para o início de suas operações no segundo semestre de 2021.

Diante disso, até a presente data não houve lançamento de rejeitos na barragem, porém de acordo com as informações apresentadas no Relatório Técnico de Classificação de Resíduos Sólidos N°SG-0082-CR/08, realizado pelo Laboratório SGS GEOSOL, que avaliou parâmetros deCorrosividade, Reatividade e Toxicidade, foi constatado a partir das amostras de sondagem, que os resíduos da MVV  são classificados como Classe II B(Não Perigoso – Inerte), por não terem nenhum de seus constituintes solubilizados à concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água.Por fim, não apresentam características corrosivas e reativas.

2- Quantos metros cúbicos de rocha será utilizado para retirar qto de cobre?

MVV – Em média, são lavrados aproximadamente 100 mil metros cúbicos por mês de rocha mineralizada, que resultam em produção entre1.500 e 2.000 metros cúbicos de concentrado de cobre mensalmente.

3- O rejeito seria composto de que tipo de material?

MVV- O material do rejeito será composto de material rochoso, predominantemente granítico, com granulometria menor que 0,3mm. 4- Qual a capacidade da barragem e quanto tempo ela será utilizada como local para deposito de rejeito?

MVV – A barragem da MVV é de solo compactado (aterro controlado). Tanto o material da barragem da MVV quanto o método construtivo atendem todos requisitos nacionais e internacionais de segurança de barragem. A barragem será utilizada para disposição controlada do rejeito durante aproximadamente 15 anos.

4- Depois de esgotada a mineração de cobre, oque será feito da barragem de rejeito?

MVV – As medidas estão contempladas no plano de fechamento de mina, que prevê medidas de incorporação ao meio ambiente como aplicação de solo orgânico, revegetação da área da barragem, drenagem  medidas.   6- Existem algum tipo de estudos ou plano de ação (evacuação)  no caso de transbordo expansão  com os mais altos padrões de segurança, obedecendo às diretrizes reconhecidas nacional e internacionalmente. Além disso, inspeções de campo, monitoramento24 horas/7 dias e auditorias externas ocorrem regularmente para garantir a segurança da mesma. Ainda assim, como a legislação em vigor obriga todas as empresas de mineração que operem uma barragem a possuírem um plano para atendimento a qualquer tipo de emergência. A MVV, em atendimento a esta legislação, elaborou e está implementando o PAEBM – Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração, plano este apresentado aos órgãos reguladores, prefeituras e defesa civil. Periodicamente ocorrem visitas porta a porta a todas as famílias identificadas no cadastramento socioeconômico e materiais de comunicação estão sendo elaborados para que todos tenham informações suficientes e recebam orientações de segurança, conforme determina a legislação em vigor.

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