Um aventura até à Foz do São Francisco
   9 de maio de 2020   │     6:00  │  3

 

IMG_8042A Foz do São Francisco possui um fantasma que já foi o guardião da Foz do rio São Francisco, e que ainda permanece firme, mesmo com os seus 143 anos de idade, enfrentando a força do mar. Trata-se do velho farol de Cotegipe, que foi erguido em 1873, pelo ministro do Império brasileiro, João Maurício Wanderley, o barão de Cotegipe, por ordem do imperador Dom Pedro II.

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O farol é todo em bronze trabalhado manualmente, constituindo em uma obra de arte, que ainda resiste à ação do mar. Sua beleza e imponência é destaque no horizonte para quem esta no rio, ou no mar. O farol de Cotegipe possui seu valor histórico para navegação e também para a população ribeirinha.

Entretanto está abandonado há mais de 20 anos, sendo arrastados para cima e para baixo pelas marés, sem que a nenhuma autoridade solicite providencias para seu resgate. Muitas peças já foram roubadas por vendedores de metais e também colecionadores, que arrancaram sua placa de fabricação e seu brasão.

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Quando funcionava, a luz do farol de Cotegipe serviu para guiar o caminho de milhares de embarcações durante mais de 140 anos. Sua história passa inclusive pela Segunda Guerra Mundial, quando submarinos alemães, os temidos U-Boat, (lobos solitários), aterrorizavam a navegação no Oceano Atlântico. Um deles (U-161) afundou o navio de cargas Itapajé, no litoral Sul de Alagoas, próximo ao distrito de Lagoa Azeda, em Jequiá da Praia, em 26 de setembro de 1943.

Os Pescadores mais velhos dizem que esses submarinos alemães chegaram a entrar no rio São Francisco, para se abastecer de água doce. A tripulação aproveitava também para pegar também cocos verdes e frutas da época. Isso ocorria à noite e o farol de Cotegipe era o referencial para eles navegarem, na escuridão sem serem percebidos.

 

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Vista ao Cotegipe

Nossa equipe resolve então ir até o velho farol, para mostrar de perto essa testemunha da história da navegação do rio São Francisco. Somos alertados que o local, onde ele está é perigoso, já que fica bem no encontro das águas do rio com o mar. Nossa impetuosidade nos leva até a presença desse fantasma que faz parte da história do Velho Chico.

Pegamos uma pequena lancha e o piloto é o “Veio”, um jovem de 25 anos que cresceu trabalhando na pesca e pilotando barcos pelo rio São Francisco. Saímos do lado das dunas em Alagoas e cruzamos a Foz. As ondas são altas e sacodem a pequena lança. Depois de vencer a força da maré, nos aproximamos do Farol. Nosso piloto faz uma manobra para darmos uma volta de 360º, em torno daquele monumento de bronze. As ondas são fortes e a nossa embarcação sofre bastante; o perigo de virar em eminente.

Segundo nosso piloto Veio a presença de tubarões na região é comum, já que a Foz despeja muitos nutrientes que atraem várias espécies de peixes. Entre eles os golfinhos, botos e os tubarões. Para quem cai do barco, nas águas na Foz do rio São Francisco, só resta uma direção que é o mar aberto. Quem sobreviver à ação dos peixes volta às praias da região, levado pelas marés.

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Mas graças a Deus nossa missão é concluída com sucesso, mesmo sobre forte tensão, principalmente quanto o nosso cinegrafista se levantou e o barco quase vira. Nosso trabalho foi coroado de sucesso com as imagens captadas. Retornamos ao lado de Alagoas, para realizarmos a reportagem das dunas existente na Foz do Velho Chico.

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Atração turística do passeio à Foz

Hoje o velho farol de Cotegipe é uma atração turística a parte, já que os turistas interessados têm que atravessar de lancha de um lado para o outro da Foz. Essa travessia depende das condições do mar e tem que ser realizada por pilotos de embarcações, com experiência e conhecimento das correntes da Foz do São Francisco.

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Mas o passeio até a Foz oferece outras belezas como o próprio percurso onde passamos pela cidade de Piaçabuçu.  As embarcações ancoradas oferecem uma diversidade de cores. Algumas palhoças erguidas às margens do rio São Francisco nos chama a atenção. Elas são feitas de sapé (taipa) e servem de abrigo para pescadores, que passam a noite lançando suas redes. Esses casebres são utilizados também para guardar os apetrechos de pesca.

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Foz

O trajeto até a Foz dura cerca de uma hora. Ao se aproximarmos, já avistamos no horizonte as imponentes dunas do lado de Alagoas e do outro o velho farol de Cotegipe, testemunha viva de da época, em que o rio vencia a força do Oceano Atlântico, empurrando-o a uma distância de quatro quilômetros da Foz.

A escuna pára em uma enseada na Foz, onde os turistas desembarcam e logo correm para tirar fotos nas dunas. Neste local existia um pequeno povoado, chamado Pontal de Barra de Piaçabuçu, com cerca de 50 casas, uma igreja e algumas ruas. Hoje as dunas cobriram tudo devido à ação dos ventos. Os moradores do Pontal se mudaram para o povoado de Cabeço do outro lado da Foz, em Sergipe; onde foi instalado o farol de Cotegipe por ordem do Imperador Dom Pedro II.

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O povoado do Cabeço também foi destruído, não pelas dunas, mas engolido pelo mar, que avançou sobre o continente, devido à perda da força das águas do rio, com a construção das barragens da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). A única testemunha desse fato é também o velho farol de Cotegipe, permanece firme no mar.

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Dunas

A Foz do rio São Francisco possui uma beleza diferente de tudo que existe. O lado alagoano é o mais bonito e o que oferece mais atrativo. O local faz parte de uma Área de Preservação Ambiental (APA), onde pássaros e tartarugas desovam. Toda região e fiscalizada e monitorada pelo ICMbio e Ima e Ibama.

Vendedores de artesanato e de comidas típicas se instalam todos os dias nas praias, mas sempre fiscalizados pelos ICMbio e também pelos empresários que promovem o passeio, além dos guias de turismo, que buscam conscientizar a todos da importância de preserva o local.

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ASSISTA O VÍDEO

CHEGAR

Para se chegar a Piaçabuçu, saindo de Maceió se utiliza a AL 101 Sul e de Arapiraca as AL 115 101 Sul.  

PASSEIO

 O passeio para Foz do Rio São Francisco sai todos os dias a partir das 10 horas e é realizado por escunas que saem de Piaçabuçu. Uma das empresas que realiza esse passeio é a Maraná, que inclui no passeio o almoço completo.

RESTAURANTE MARANÁ RODOVIA AL 101/ KM 100- CONTATOS – 82- 99321-4526/991250-9749

EMAIL – [email protected]

COMENTÁRIOS
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  1. João Damasceno

    Olá, boa tarde. Parabéns pelo excelente texto. Especificamente sobre o farol do Cabeço, saberia dar mais informações sobre ele? Creio que há um equívoco, ou não? é sobre o trecho em que você cita o farol como sendo em bronze, que mesmo para a época seria incomum, já que era mais economicamente viável que fossem confeccionados em ferro fundido, que inclusive é o que se parece dadas as marcas de óxido de ferro nas costuras das placas, visível nas fotos.
    Sei que ele foi instalado em 1876, porém, funcionou até quando? Em que situação foi desinstalado? Quais as características: era em ferro fundido (certo?) altura? usava que lentes (era Fresnel)? qual o alcance? Ninguém considerou algo como uma recuperação e instalação em novo local antes da perca total? Alguém, grupo, entidades, já considerou “recuperar” o farol? Vi em algumas fotos que houve um tempo que ele parecia que iria tombar de vez, mas eis que parece que “puxaram” ele para uma posição menos inclinada, não corretamente na vertical, mas bem menos inclinado do que era. Quem teria feito essa intervenção?
    Bem, é isso… Perdão pelos muitos questionamentos/dúvidas. Mas devo ter deixado transparecer meu apreço por esse tipo de estrutura… rs… Adoro essas obras e de certo modo, quanto mais remotos, quanto mais inóspitos, mais me encanto.

    Valeu e tudo de bom.

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