Setor produtivo se posiciona pelo fim da quarentena
   25 de março de 2020   │     22:42  │  0

 


A polêmica sobre a liberação das atividades produtivas e serviços no Brasil, colocada a público pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, ganhou força dentro do setor industrial, turismo, construção civil e serviços que começaram a se posicionar favorável a proposta.

Mesmo contra o posicionamento de vários outros setores da sociedade começando por governadores, lideranças políticas e representantes da saúde, servidores públicos efetivos e também ambientalistas, a intenção do presidente poderá se concretizar na próxima semana.

Empresários de turismo, com larga experiência nesta atividade, concordam em parte com a proposta de reinício das atividades, mas com ressalvas, principalmente com o estabelecimento de normas a serem respeitas, além de medidas de proteção aos grupos vulneráveis ao coronavírus.

Os empresários disseram que o cenário para abril é crítico e maio terrível, com desemprego, falência e aumento vertiginoso da violência nas ruas. De cada cinco postos de trabalho no mundo, um vem da atividade turística. O setor já é um dos quatro maiores empregadores do Brasil e em Alagoas é considerado praticamente o segundo; já que de forma direta e indireta fomenta a economia com injeção de recursos no Estado, que se prepara para se internacionalizar como destino turístico.

Para os empresários do turismo é preciso se preparar para atender os casos de coronavírus mais graves, mas a econômica não pode parar. “A quarentena nos coloca duas opções: morrer de coronavírus ou de fome, com a falta de alimentos e o desemprego”, sentencia um empresário com mais de 30 aos em atividade no turismo em Alagoas.

Para ele medidas de controle devem ser tomadas, para evitar que os grupos de risco sejam contaminados e atender os mais graves.

Segundo ainda os empresários do setor de turismo, os empregados de hotéis devem receber seus salários de março. Isso porque já estava na programação e havia recursos para isso. Entretanto outras empresas não vão conseguir pagar porque, uma das maiores operadoras de turismo do Brasil, já avisou que o pagamento da segunda quinzena de março, prevista para o dia 30, poderá não ocorrer por falta de caixa.

Já o cenário para maio é considerado “terrível” praticamente sem perspectiva, se o Governo Federal não liberar ajuda financeira a “fundo perdido”, destaca um dos empresários ouvidos por nós. “Se for empréstimo não adianta, só vai aumentar o endividamento do setor”, ressalta ele.

A esperança é a informação de que o Governo pretende apresenta uma nova roupagem para Medida Provisória (MP) 907, que transformar a Embratur em Agência. Segundo uma fonte de Brasília, a proposta já está em estudo e deverá ser apresentada até sexta-feira (27).

As entidades representativas do setor de turismo no Brasil, já encaminharam ao Ministério do Turismo uma proposta, para salva o setor dos efeitos do coronavírus, mas até agora o governo não se posicionou oficialmente, embora, haja uma grande movimentação nos bastidores.

FIEA

Em Alagoas, uma das primeiras entidades de classe já se posicionou favorável a intenção do Governo Federal em liberar a atividade produtiva e serviços, com algumas restrições e regras. O presidente da Federação da Industria do Estado de Alagoas (FIEA), Carlos Lyra emitiu uma carta aberta que faz um alerta para o colapso na economia com consequências sem igual para o crescimento da violência social.

O cenário desenhando pelo representante da FIEA é o mais catastrófico possível.  Segundo José Carlos Lyra ou se enfrentar o coronavírus, com a máquina produtiva funcionando e mantendo os postos e trabalho, pagando impostos, disponibilizando suprimentos para o consumo da sociedade, ou assistir a convulsão social que vai ocorrer em Alagoas, com o desespero tomando conta de milhares de famílias carentes que vão às ruas buscar a sobrevivência de qualquer forma.

Veja abaixo na integra a carta:

“O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra de Andrade, reafirmou, na manhã desta quarta-feira, 25, a preocupação do setor produtivo com os efeitos do isolamento social imposto pelo decreto nº 69.501, do governo estadual, que estabelece medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública provocada pelo novo coronavírus. O líder empresarial, que tem o apoio dos presidentes de todos os sindicatos industriais de Alagoas, destaca a necessidade das medidas preventivas, mas teme que o excessivo rigor acabe provocando danos sociais de efeito incalculável.
Ele receia que a inatividade do setor produtivo tenha como maior conseqüência um abalo severo nas finanças das empresas, obrigando-as a adotar medidas drásticas de contenção de despesas após o longo período de máquinas paradas. “Não podemos fechar tudo. Há que se permitir o funcionamento das indústrias, assegurando que seus trabalhadores estejam protegidos” – defendeu José Carlos Lyra.
Sem a retomada da produção, “o remédio será pior que a doença”, acrescenta o presidente da Federação das Indústrias de Alagoas. O empresário diz que é preciso combater o vírus, sem arruinar a economia e, conseqüentemente, o país.
“Temos que pensar agora como ficaremos quando tudo isso passar. Quem vai pagar a conta do desemprego provocado pelo fechamento de empresas? Ninguém pode ignorar que vai sofrer, como sempre, quem ficará sem trabalho!” – afirmou Lyra, ressaltando sua preocupação com medidas extremadas no combate ao coronavírus.
Em Alagoas, o possível aumento das taxas de desemprego, causado pela suspensão da atividade econômica, poderá resultar no aumento dos índices de violência, no agravamento da pobreza, acrescenta.
“O que temos que pensar é que as empresas não estão produzindo. Se não produzem não têm receita, e assim não têm como pagar seu pessoal. Não é o que queremos! Portanto, apelamos para que as ações de enfrentamento ao coronavírus não impliquem em prejuízos e riscos à indústria!” – declarou José Carlos Lyra”.

 

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