Coronavírus: Infectologista diz que não há motivos para se cancelar viagens
   29 de fevereiro de 2020   │     17:15  │  0

Uma das maiores autoridades de infectologia no Brasil, Dr. David Uip, e coordenador do Centro de Gestão do Coronavírus no Estado de São Paulo, disse que não há porque as pessoas se apavorarem e cancelarem viagens para lugares onde o risco de contrair o coronavírus é o mesmo que no Brasil e até menor em alguns casos.

“Se seu passageiro tem viagem marcada à Itália amanhã, daqui alguns dias ou semanas, deixe que ele embarque em seu avião ou navio e curta normalmente. O mesmo com França, Espanha, Estados Unidos e outros países em que foram registrados casos do novo coronavírus”, essa a orientação do infectologista e coordenador do Centro de Gestão do Coronavírus no Estado de São Paulo, David Uip, uma autoridade no assunto. As ressalvas servem apenas à China.

“Cabe à Organização Mundial da Saúde, à Organização PanAmericana e ao Ministério da Saúde dar esse tipo de ordem. Nós seguimos as orientações dessas autoridades públicas, e nesse momento não há coibição de ida ou vinda por nenhum meio de transporte, nem via aérea, nem via marítima”, esclarece Uip. “Vamos ficar atentos às atualizações desses órgãos, pois confio plenamente no trabalho deles.”

Uip faz um alerta apenas em relação à China. “Lá é o epicentro do vírus, e não há motivos para correr o risco em um país superpopuloso que está parado por conta do novo coronavírus. De resto, basta ter bom senso e pode viajar e tomando as precauções habituais: proteger a boca e o nariz com um lenço ao espirrar e tossir, descartar o lenço e lavar bem as mãos frequentemente, alimentar-se adequadamente e ter boa hidratação”, completa o ex-secretário estadual da saúde de São Paulo.

EVENTOS PRÓXIMOS DEVEM ACONTECER

Em relação aos eventos que se avizinham em São Paulo, como a WTM Latin America e o Fórum PANROTAS, Uip repete a ponderação de que no momento não existe qualquer razão para interrupção. “E não há uma decisão que caminhe para o cancelamento de eventos públicos no Brasil. Não tem nada que aponte para a anulação”, esclarece, mesmo ciente do que se passou na ITB Berlim. “O responsável por uma recomendação como essa é o Ministério da Saúde que, devo ressaltar, está se portando de maneira elogiosa, comunicando transparentemente e agindo com extrema responsabilidade.”

“Sou muito categórico a dizer: política pública nesse momento tem de ser respeitada. Não adianta buscar saídas estratégicas e improvisadas em que cada um fala e faz o que quer. É para isso que existe um sistema público orientando o que se deve fazer, e agora não existe ordem de cancelamento.”

BRASILEIROS VOLTANDO DE ZONA DE RISCO
Se seu passageiro esteve na Itália ou em outro país com casos do novo coronavírus nas últimas semanas, a recomendação do dr. David Uip é de que não se busque o médico imediatamente.

“Lugar de paciente gripado ou com coronavírus é em casa. Continue a vida normal, apenas vá se observando. Apresentando sintomas de febre e tosse, se nutra, descanse e se hidrate. Se o quadro se agravar, aí sim ponha a máscara e vá ao médico. Quem deve procurar o serviço de saúde é apenas o indivíduo que percebe que o quadro está se complicando.”

PRINCIPAIS DICAS NESTAS SITUAÇÕES:
– Com febre por mais de 48 horas, procure o médico;
– Se a febre desapareceu e voltou, talvez haja complicação bacteriana, e não coronavírus. Procure o médico;
– Desconforto respiratório: número de respirações por minuto aumentou muito (a média são 20)? Procure o médico;
– Em crianças, se houver batimento da asa do nariz e/ou pontas do nariz e orelha roxa, vá ao médico.

“Garanto que será a grande minoria dos casos”, conclui

SAZONALIDADE E CORONAVÍRUS
Vender Europa, Estados Unidos e destinos no hemisfério norte estará mais tranquilo daqui para o meio do ano, quando a primavera e o verão começam a chegar neste lado do planeta.

“Vírus não gosta de calor. Gosta de frio”, justifica David Uip. “Olhe o mapa de distribuição do novo coronavírus e note que ele está bem mais espalhado por onde está frio. Isso é clássico em situações como essa.”

Os olhares, no entanto, têm de estar atentos ao hemisfério sul, embora exista a possibilidade de a situação melhorar até lá. “Precisamos ter paciência para olhar o ciclo desse vírus. Ele pode cair em prevalência antes da metade do ano. Quando se tem um fato novo, é um aprendizado, você vai aprendendo assim que os fatos vão acontecendo.”

Segundo o infectologista, estamos diante de um processo viral semelhante a todos os outros, como o Influenza, a gripe comum, e esse é o momento de buscar a informação de fontes confiáveis. “O pânico é gerado pelas notícias falsas. Fake news são verdadeiros crimes na área da saúde”, alerta Uip. “Temos de ter tranquilidade, informar com transparência e continuar o dia a dia, continuar a rotina de trabalho, as viagens…”

Fonte Panrotas 

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