Brasil – O prejuízo da companhia TAP, até o mês de setembro desse ano já está em 111 milhões de euros, segundo dados oficiais. 2019 deverá fechar com um prejuízo aproximado de 140 milhões, ou seja 29 milhões a mais que 2018. Um problema que tem causado insatisfações entre os sócios que divergem quanto a forma que vem sendo administrada a empresa.
Segundo o analista do mercado de companhias aéreas, que pediu para não ser identificado, o agravamento da situação financeira da companhia aérea, pode se piorar com a aquisição de novas aeronaves e falta de investimento em marketing de vendas, nos destinos novos que estão sendo abertos. Isso tudo só aumenta o passivo da empresa e criar compromisso que têm que ser cobertos com ampliação das rotas e marketing.
Segundo ainda o especialista no mercado da aviação aérea, existem um mal-estar entre os sócios da TAP. Fato que pode ser constatado com os rumores da saída do empresário binacional (brasileiro/norte americano) David Leeleman, que nega essa possibilidade, embora informações circulem de que ele estaria negociando a vendas dos 45% de sua participação com a companhia aérea alemão Lufthansa e a norte americana Bristh Airways.
Para entender
Em 11 de junho de 2015, o consórcio Atlantic Gateway, foi o vencedor da corrida à privatização da TAP Portugal, assumindo o controle de 61 % do capital da companhia de bandeira portuguesa. Os restantes 39 % do capital da TAP Portugal dividem-se em 34 % para o Estado Português e 5 % para os colaboradores da TAP Portugal. O consórcio Gateway fica também com opção de compra sobre os 34 % do capital da TAP Portugal que são neste momento do Estado Português. No acordo está escrito que a TAP Portugal tem de manter o seu hub em Portugal no mínimo de 30 anos, sendo um ativo estratégico para Portugal.
O agrupamento Atlantic Gateway é constituído pela sociedade HPGB, SGPS, S.A. e pela DGN Corporation.
Quem é Neeleman
David Neeleman é o fundador das companhias aéreas estadunidenses JetBlue Airways, Morris Air, da canadense WestJet e da brasileira Azul Linhas Aéreas. Tem participação de 45% do capital da companhia aérea portuguesa TAP Air Portugal através do consórcio Agrupamento Gateway, em parceria com o empresário português Humberto Pedrosa. A partir de 16 de novembro de 2017 passou a ter também uma participação de 32% na companhia aérea francesa Aigle Azur.
Motivos da separação
A saída do Neeleman da TAP estaria preparada para o primeiro trimestre de 2020, estando a desenvolver contatos com a Lufthansa, British Airways, Air France e United para o substituir.
A saída de Neeleman está relacionada com “o degradar das relações” entre Neeleman, o Estado e o seu parceiro no consórcio Atlantic Gateway, que tem 45% da TAP, Humberto Pedrosa, bem como com os “resultados negativos”.
“Hoje, tal como em 2015, quando ninguém acreditava, estou cada vez mais entusiasmado com o futuro da TAP”, afirma o empresário no comunicado, sem fazer qualquer referência à informação noticiada. No entanto, deixou avisos: “especulações e outro tipo de manobras em nada ajudam a este extraordinário projeto tão relevante para Portugal”, acrescentando que “todos devemos assumir essa responsabilidade”.
“É muito importante para Portugal que sejamos todos bem-sucedidos. A TAP precisa de foco e os seus trabalhadores de paz para continuar a implementar o que tem que ser feito, que é o melhor para TAP”, lê-se na mesma nota, na qual afirma que “especulações e outro tipo de manobras em nada ajudam a este extraordinário projeto tão relevante para Portugal”.
O empresário diz que, quando decidiu concorrer à privatização e estudou “o potencial da TAP”, criou um plano estratégico, convidou um sócio português e reuniu capital em conjunto com a Azul e seus acionistas para poder dar um futuro à TAP.
“Logo na primeira semana sob a nossa gestão, pagámos cerca de 100 milhões de euros de dívidas anteriores à nossa entrada e continuamos a fazê-lo. Hoje, a TAP tem 245 milhões de euros em caixa, mais de três vezes o que tinha na data da privatização”, garantiu o empresário.
Neeleman diz ter 70% da TAP
O acionista da TAP adianta também que “a TAP tem acionistas privados totalmente comprometidos com o plano de crescimento que tem vindo a ser implementado”.
“Eu pessoalmente em conjunto com a Azul, empresa que eu controlo, acreditamos no futuro da TAP e detemos hoje direitos equivalentes a mais de 70% dos direitos económicos da TAP”, refere.
No comunicado, o empresário dá conta da evolução da TAP desde a privatização, destacando o aumento de passageiros, da frota, de destinos, faturamento e contratações, entre outros.
“Com todo este investimento no crescimento os resultados para os acionistas não têm sido tão rápidos como gostaríamos, mas estamos no caminho certo como demonstra aliás a curva dos resultados trimestre após trimestre. Uma nova frota muito mais eficiente e as novas rotas começam a produzir resultados, como demonstram as contas do terceiro trimestre de 2019, em que a TAP teve uma margem operacional acima dos seus pares europeus”, garantiu.
Ainda assim, a companhia aérea continua a registar prejuízos, que, até setembro, atingiram os 111 milhões de euros. O Governo pretende usar esta possível mudança acionista para negociar alterações na gestão da TAP e nomear um administrador executivo, o que não acontece neste momento.
Cortesia portal de viagens tripseek.news